quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

A FORMAÇÃO DA EUROPA MEDIEVAL

A Europa medieval

A partir do século III, o Império Romano viveu uma crise econômica prolongada: as pessoas não encontravam trabalho na cidade e tinham dificuldade de sobreviver devido à inflação (alta generalizada dos preços). Além disso ocorreu também um aumento da insegurança nas cidades romanas, devido a pressão e aos ataques dos germanos no Império Romano; empobrecidos com a crise e temendo os ataques germanos, boa parte da população do Império se mudou das cidades para o campo, em busca de abrigo e trabalho. Com isso as cidades se esvaziaram e a Europa viveu um processo de ruralização.
No campo, os mais pobres passaram a trabalhar para os grandes proprietários rurais na condição de colonos. O colonato era uma relação de trabalho em que o camponês trabalhava em um pedaço de terra do proprietário para retirar o seu sustento e o de sua família. E, em troca, entregava a ele um parte da colheita.

Germanos: onde viviam e quem eram?

Germanos era o nome dado aos habitantes da Germânia. Os germanos estavam divididos em vários povos: godos, saxões, francos, alamanos, suevos, bungúrdios, vândalos, visigodos, ostrogodos, hérulos e outros.

Guerra a razão de ser do germano

Geralmente, o germano se preparava para a guerra desde pequeno. E nisso era ajudado pelo pai. Ao tornar-se um guerreiro, recebia honra e reconhecimento da comunidade. O jovem passa então a integrar um comitatus, isto é, grupo de guerreiros unidos a um chefe militar, a quem deviam servir e honrar. Além da fidelidade ao chefe, os germanos valorizavam também a coragem nos campos de batalha.
Com o aumento da guerras contra os romanos, os chefes dos comitatus foram ganhando riqueza e poder e, alguns deles, tornaram-se reis.

O direito para os germanos

Os germanos não tinham lei escrita. As leis, bem como toda a cultura germânica, eram transmitidas oralmente. O direito germânico era, portanto, consuetudinário, ou seja, se baseava nos costumes, Cada comunidade tinha leis e costumes próprios.

Germanos no Império Romano

Os germanos entraram no Império Romano por meio de migrações e invasões. Muitos entraram como soldados para servir no exército romano; outros como lavradores, para trabalhar nas terras dos romanos e, outros ainda, como comerciantes. Houve também casamentos entre pessoas desses povos. Até o final do século IV, nas fronteiras do Império Romano, germanos e romanos ora entravam em conflito, ora conviviam em paz. A partir do século IV, porém, a violência passou a predominar na relação entre eles: atraídos pelas riquezas romana e fugindo dos ataques dos hunos, os germanos se lançaram sobre o Império Romano conquistando grande parte do seu território.
 Nas terras conquistadas no Império Romano, os germanos estabeleceram vários domínios (também chamados de reinos). Os visigodos dominaram a Hispânia; os vândalos, o norte da África; os ostrogodos, a Península Itálica; os anglos, os saxões e os jutos, A Britânia, e assim por diante.
Os francos, porém, se diferenciaram dos demais povos germanos por constituir um reino próspero e duradouro.

O Reino dos francos

Os francos atravessaram o Rio Reno em direção ao oeste e, por meio de alianças políticas e de guerra, conquistaram a Gália, onde fundaram um reino. A primeira dinastia franca foi a Merovíngia, assim chamada em homenagem a um chefe lendário de nome Meroveu, considerado como o primeiro rei dos francos. Mas foi no reinado de Clóvis (482-511), possivelmente neto de Meroveu, que expansão franca ganhou maior impulso. Este rei estabeleceu a capital do seu reino em Lutécia (cidade que deu origem a Paris), e partiu para a guerra visando a conquista de riquezas que, conforme o costume franco, seriam divididos com seus guerreiros.
Além de fazer uso das armas, Clóvis ampliou seu poder por meio do matrimônio: casou-se com Clotilde, princesa cristã do Reino da Bungurdia, mulher que teve grande influência na sua vida. Casando-se com Clotilde, o rei Clóvis conseguiu diminuir a resistência ao domínio franco. Influenciado por ela e interessado na aliança com a Igreja Católica, Clóvis converteu-se ao cristianismo, em 496. E com o apoio da Igreja continuou expandindo seu reino.
Os sucessores de Clóvis tiveram pouco cuidado com a administração do Reino. Ocuparam-se principalmente com festas e torneios de esgrima; por isso ficaram conhecidos como reis indolentes. Devido ao desinteresse desses reis, o governo de fato passou às mãos de um alto funcionário: o prefeito do palácio ou mordomo do paço. O filho e sucessor de um desses mordomos do paço, Pepino, o Breve, depôs o último rei merovíngio por meio de um golpe e se fez aclamar rei, o primeiro da dinastia carolíngia. O papa o reconheceu como rei e, em troca, pediu que ele defendesse a cristandade dos lombardos, povo que se estabelecera na Itália central e ameaçava assaltar a sede do papado, em Roma. Pepino e seus cavaleiros invadiram a Itália, derrotaram os lombardos e doaram para a Igreja Católica parte das terras conquistadas. Desta doação originou-se o patrimônio de São Pedro, também chamado Estados da Igreja, que permaneceram inalterados por mais de mil anos.

O Império Carolíngio

Carlos Magno foi o principal rei da Dinastia Carolíngia, cujo nome se deve a ele. Como governante, deu continuidade à aliança com a Igreja e à política guerreira dos francos.
Enquanto o imperador estreitava seus laços com a Igreja, seu exército bem organizado e equipado com espadas e armaduras de ferro, colecionava vitórias construindo, assim, um império que abrangia quase todas as terras da Europa Ocidental.
Na noite de Natal do ano 800, Carlos Magno que, na época, já era senhor de um enorme Império, foi coroado imperador na Basílica de São Pedro, em Roma, solidificando sua aliança com a Igreja Católica. Naquela noite, o papa dirigiu ao rei as mesmas palavra usadas na sagração dos imperadores romanos depois de convertidos ao cristianismo. Com isso, o chefe da Igreja e o imperador pretendiam dar unidade à Europa cristã e fazer renascer o Império Romano do Ocidente.

A administração do Império

Para administrar seu imenso império, Carlos Magno dividiu-o em províncias e entregou sua administração a pessoas de sua confiança: duques, marqueses e condes.
Os duques eram os mais próximos do rei e recebiam as maiores porções de terra, os ducados. Os marqueses administravam as marcas, nome dado aos territórios situados nas fronteiras ou em áreas de conflito. Os condes administravam territórios menores. Todos, em seus domínios, podiam cobrar impostos e multas e deviam fazer cumprir as decisões do rei.
Durante a expansão militar que liderou, Carlos Magno adotou um antigo costume germânico de doar terras e privilégios aos nobres que lutavam com ele. Em troca dos bens recebidos, esses nobres se tornavam seus vassalos, isto é, se ligavam a ele por laços de dependência e fidelidade. Essa relação entre nobres recebe o nome de vassalagem. Se, por um lado, isso unia os reis aos nobres que o serviam, por outro, ao receber terras e privilégios, esses nobres ganhavam um grande poder em seus domínios.

O Renascimento Carolíngio

Carlos Magno deu grande importância à educação, as artes e aos conhecimento. Prova disso é que reuniu na sua corte sábios de toda a Europa, entre eles Alcuíno de York, que foi encarregado de preparar a versão oficial da Bíblia. Carlos Magno também fundou numerosas escolas no conventos, nas igrejas e no seu próprio palácio; as primeiras preparavam os jovens os jovens para a carreira religiosa; já a escola do palácio, frequentada apenas pelos filhos dos nobres, preparava-os para assumir a administração do reino.
Esse clima favorável à cultura facilitou também a atuação dos monges copistas, que passavam um tempo enorme trancados nas bibliotecas dos mosteiros copiando os textos grego – romanos que lhes eram ditados em voz alta pelos colegas. Com esse trabalho paciente e meticuloso, os monges permitiram que obras de grande valor chegassem até nós. Todo esse movimento cultural ocorrido na época de Carlos Magno ficou conhecido como Renascimento Carolíngio. 

A divisão do Império de Carlos Magno

Com a morte de Carlos Magno, em 814, o Império Carolíngio começou a enfraquecer. Seu filho e sucessor, Luís, o Piedoso, teve dificuldade para impor sua autoridade.
Com a morte do rei Luís, seus filhos disputaram o trono entre si pelas armas; a guerra durou três anos e terminou com assinatura do Tratado de Verdum, em 843, acordo que dividia o Império em três partes: Carlos, o Calvo, ficava com a parte ocidental; Luis, o Germânico, com a parte oriental; Lotário, com a parte central, que se estende do Mar do Norte até o centro da atual Itália.
Com a divisão do Império Carolíngio ocorreu um enfraquecimento do poder central e o fortalecimento dos nobres em suas respectivas localidades. Além disso, nos séculos IX e X, a Europa foi atacada por povos vindos de diferentes pontos: os muçulmanos a atacaram a partir do sul; os vikings, com seus barcos ágeis e leves, penetraram pelos rios europeus vindos do norte e, os eslavos, irromperam vindos do leste europeu. Nessas invasões ficou evidente que o exército carolíngio não tinha capacidade de conter esses ataques; a defesa de cada localidade da Europa passou, então, aos exércitos da nobreza que, com isso, se fortaleceu.

EXERCÍCIOS

1) Defina os seguintes termos que se relacionam com o processo de formação da Europa Medieval:
a) processo de ruralização
b) colonato
c) comitatus
d) direito consuetudinário
2) Quais formas pelas quais os germanos entraram em contato com os romanos? Explique cada uma delas.
3) Sobre os reino dos francos responda:
a) qual a importância do rei Clovis na dinastia merovíngia?
b) fale sobre o casamento de Clovis e a influência que ele sofreu da esposa.
c) quem eram os prefeitos do palácio e por que surgiu esse cargo no Reino dos Franco?
4) de que forma surgiu a dinastia carolíngia?
5) Explique como Carlos Magno administrava seu império.
6) Defina o seguinte termo: vassalagem
7) Resumidamente (máximo de 3 linhas), defina o que foi o Renascimento Carolíngio.

8) Explique o que foi o Tratado de Verdum, de 843.  

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