A
Europa medieval
A partir do século III, o
Império Romano viveu uma crise econômica prolongada: as pessoas não encontravam
trabalho na cidade e tinham dificuldade de sobreviver devido à inflação (alta
generalizada dos preços). Além disso ocorreu também um aumento da insegurança
nas cidades romanas, devido a pressão e aos ataques dos germanos no Império
Romano; empobrecidos com a crise e temendo os ataques germanos, boa parte da
população do Império se mudou das cidades para o campo, em busca de abrigo e trabalho.
Com isso as cidades se esvaziaram e a Europa viveu um processo de ruralização.
No campo, os mais pobres
passaram a trabalhar para os grandes proprietários rurais na condição de
colonos. O colonato era uma relação de trabalho em que o camponês trabalhava em
um pedaço de terra do proprietário para retirar o seu sustento e o de sua
família. E, em troca, entregava a ele um parte da colheita.
Germanos:
onde viviam e quem eram?
Germanos era o nome dado aos
habitantes da Germânia. Os germanos estavam divididos em vários povos: godos,
saxões, francos, alamanos, suevos, bungúrdios, vândalos, visigodos, ostrogodos,
hérulos e outros.
Guerra
a razão de ser do germano
Geralmente, o germano se
preparava para a guerra desde pequeno. E nisso era ajudado pelo pai. Ao
tornar-se um guerreiro, recebia honra e reconhecimento da comunidade. O jovem
passa então a integrar um comitatus, isto é, grupo de
guerreiros unidos a um chefe militar, a quem deviam servir e honrar. Além da
fidelidade ao chefe, os germanos valorizavam também a coragem nos campos de
batalha.
Com o aumento da guerras
contra os romanos, os chefes dos comitatus foram ganhando riqueza e poder e,
alguns deles, tornaram-se reis.
O
direito para os germanos
Os germanos não tinham lei
escrita. As leis, bem como toda a cultura germânica, eram transmitidas
oralmente. O direito germânico era, portanto, consuetudinário, ou seja, se
baseava nos costumes, Cada comunidade tinha leis e costumes próprios.
Germanos
no Império Romano
Os germanos entraram no
Império Romano por meio de migrações e invasões. Muitos entraram como soldados
para servir no exército romano; outros como lavradores, para trabalhar nas
terras dos romanos e, outros ainda, como comerciantes. Houve também casamentos
entre pessoas desses povos. Até o final do século IV, nas fronteiras do Império
Romano, germanos e romanos ora entravam em conflito, ora conviviam em paz. A
partir do século IV, porém, a violência passou a predominar na relação entre
eles: atraídos pelas riquezas romana e fugindo dos ataques dos hunos, os
germanos se lançaram sobre o Império Romano conquistando grande parte do seu
território.
Nas terras conquistadas no Império Romano, os
germanos estabeleceram vários domínios (também chamados de reinos). Os
visigodos dominaram a Hispânia; os vândalos, o norte da África; os ostrogodos,
a Península Itálica; os anglos, os saxões e os jutos, A Britânia, e assim por
diante.
Os francos, porém, se
diferenciaram dos demais povos germanos por constituir um reino próspero e
duradouro.
O
Reino dos francos
Os francos atravessaram o
Rio Reno em direção ao oeste e, por
meio de alianças políticas e de guerra, conquistaram a Gália, onde fundaram um
reino. A primeira dinastia franca foi a Merovíngia, assim chamada em homenagem
a um chefe lendário de nome Meroveu, considerado como o primeiro rei dos
francos. Mas foi no reinado de Clóvis (482-511), possivelmente neto de Meroveu,
que expansão franca ganhou maior impulso. Este rei estabeleceu a capital do seu
reino em Lutécia (cidade que deu origem a Paris), e partiu para a guerra
visando a conquista de riquezas que, conforme o costume franco, seriam
divididos com seus guerreiros.
Além de fazer uso das armas,
Clóvis ampliou seu poder por meio do matrimônio: casou-se com Clotilde,
princesa cristã do Reino da Bungurdia, mulher que teve grande influência na sua
vida. Casando-se com Clotilde, o rei Clóvis conseguiu diminuir a resistência ao
domínio franco. Influenciado por ela e interessado na aliança com a Igreja
Católica, Clóvis converteu-se ao cristianismo, em 496. E com o apoio da Igreja continuou
expandindo seu reino.
Os sucessores de Clóvis
tiveram pouco cuidado com a administração do Reino. Ocuparam-se principalmente
com festas e torneios de esgrima; por isso ficaram conhecidos como reis
indolentes. Devido ao desinteresse desses reis, o governo de fato passou às
mãos de um alto funcionário: o prefeito do palácio ou mordomo do paço.
O filho e sucessor de um desses mordomos do paço, Pepino, o Breve, depôs o
último rei merovíngio por meio de um golpe e se fez aclamar rei, o primeiro da dinastia
carolíngia. O papa o reconheceu como rei e, em troca, pediu que ele
defendesse a cristandade dos lombardos, povo que se estabelecera na Itália
central e ameaçava assaltar a sede do papado, em Roma. Pepino e seus cavaleiros
invadiram a Itália, derrotaram os lombardos e doaram para a Igreja Católica
parte das terras conquistadas. Desta doação originou-se o patrimônio de São
Pedro, também chamado Estados da Igreja, que permaneceram inalterados por mais
de mil anos.
O
Império Carolíngio
Carlos Magno foi o principal
rei da Dinastia Carolíngia, cujo nome se deve a ele. Como governante, deu
continuidade à aliança com a Igreja e à política guerreira dos francos.
Enquanto o imperador
estreitava seus laços com a Igreja, seu exército bem organizado e equipado com
espadas e armaduras de ferro, colecionava vitórias construindo, assim, um
império que abrangia quase todas as terras da Europa Ocidental.
Na noite de Natal do ano
800, Carlos Magno que, na época, já era senhor de um enorme Império, foi
coroado imperador na Basílica de São Pedro, em Roma, solidificando sua aliança
com a Igreja Católica. Naquela noite, o papa dirigiu ao rei as mesmas palavra
usadas na sagração dos imperadores romanos depois de convertidos ao
cristianismo. Com isso, o chefe da Igreja e o imperador pretendiam dar unidade
à Europa cristã e fazer renascer o Império Romano do Ocidente.
A
administração do Império
Para administrar seu imenso
império, Carlos Magno dividiu-o em províncias e entregou sua administração a
pessoas de sua confiança: duques, marqueses e condes.
Os duques eram os mais
próximos do rei e recebiam as maiores porções de terra, os ducados. Os marqueses
administravam as marcas, nome dado aos territórios situados nas fronteiras ou
em áreas de conflito. Os condes administravam territórios menores. Todos, em
seus domínios, podiam cobrar impostos e multas e deviam fazer cumprir as
decisões do rei.
Durante a expansão militar
que liderou, Carlos Magno adotou um antigo costume germânico de doar terras e
privilégios aos nobres que lutavam com ele. Em troca dos bens recebidos, esses
nobres se tornavam seus vassalos, isto é, se ligavam a ele por laços de
dependência e fidelidade. Essa relação entre nobres recebe o nome de vassalagem.
Se, por um lado, isso unia os reis aos nobres que o serviam, por outro, ao
receber terras e privilégios, esses nobres ganhavam um grande poder em seus
domínios.
O
Renascimento Carolíngio
Carlos Magno deu grande
importância à educação, as artes e aos conhecimento. Prova disso é que reuniu
na sua corte sábios de toda a Europa, entre eles Alcuíno de York, que foi
encarregado de preparar a versão oficial da Bíblia. Carlos Magno também fundou
numerosas escolas no conventos, nas igrejas e no seu próprio palácio; as
primeiras preparavam os jovens os jovens para a carreira religiosa; já a escola
do palácio, frequentada apenas pelos filhos dos nobres, preparava-os para
assumir a administração do reino.
Esse clima favorável à
cultura facilitou também a atuação dos monges copistas, que passavam um tempo
enorme trancados nas bibliotecas dos mosteiros copiando os textos grego –
romanos que lhes eram ditados em voz alta pelos colegas. Com esse trabalho
paciente e meticuloso, os monges permitiram que obras de grande valor chegassem
até nós. Todo esse movimento cultural ocorrido na época de Carlos Magno ficou
conhecido como Renascimento Carolíngio.
A
divisão do Império de Carlos Magno
Com a morte de Carlos Magno,
em 814, o Império Carolíngio começou a enfraquecer. Seu filho e sucessor, Luís,
o Piedoso, teve dificuldade para impor sua autoridade.
Com a morte do rei Luís,
seus filhos disputaram o trono entre si pelas armas; a guerra durou três anos e
terminou com assinatura do Tratado de Verdum, em 843, acordo
que dividia o Império em três partes: Carlos, o Calvo, ficava com a parte
ocidental; Luis, o Germânico, com a parte oriental; Lotário, com a parte
central, que se estende do Mar do Norte até o centro da atual Itália.
Com a divisão do Império
Carolíngio ocorreu um enfraquecimento do poder central e o fortalecimento dos
nobres em suas respectivas localidades. Além disso, nos séculos IX e X, a
Europa foi atacada por povos vindos de diferentes pontos: os muçulmanos a
atacaram a partir do sul; os vikings, com seus barcos ágeis e leves, penetraram
pelos rios europeus vindos do norte e, os eslavos, irromperam vindos do leste
europeu. Nessas invasões ficou evidente que o exército carolíngio não tinha
capacidade de conter esses ataques; a defesa de cada localidade da Europa passou,
então, aos exércitos da nobreza que, com isso, se fortaleceu.
EXERCÍCIOS
1) Defina
os seguintes termos que se relacionam com o processo de formação da Europa
Medieval:
a)
processo de ruralização
b)
colonato
c)
comitatus
d) direito
consuetudinário
2)
Quais formas pelas quais os germanos entraram em contato com os romanos?
Explique cada uma delas.
3)
Sobre os reino dos francos responda:
a) qual
a importância do rei Clovis na dinastia merovíngia?
b) fale
sobre o casamento de Clovis e a influência que ele sofreu da esposa.
c) quem
eram os prefeitos do palácio e por que surgiu esse cargo no Reino dos Franco?
4) de
que forma surgiu a dinastia carolíngia?
5)
Explique como Carlos Magno administrava seu império.
6) Defina
o seguinte termo: vassalagem
7) Resumidamente
(máximo de 3 linhas), defina o que foi o Renascimento Carolíngio.
8)
Explique o que foi o Tratado de Verdum, de 843.
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